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  • Foto do escritorSonia Monteiro

O que nos inspira a escolher uma determinada profissão??

Eu sou quem eu sou, porque você é quem você é!!



Aqui do meu lugar, observando pessoas em seus comportamentos humanos, mas principalmente nos últimos anos, como Terapeuta Sistêmica e Espiritual, percebo que existe uma força inconsciente que nos conduz para um determinado caminho, que se torna convergente e congruente com nossas necessidades de cura e de progressão espiritual.


Tudo, absolutamente tudo tem um propósito útil e produtivo, nada é descartado neste fluxo contínuo de vida. Isso se aplica a qualquer profissão, ainda que a justificativa seja, faço isso por falta de opção ou para ganhar dinheiro ou para sobreviver.


Escolho olhar para o conceito de Karma, como algo positivo, que atua para equilibrar nosso caminho, ou nos colocar em posição de possibilidade para experimentar polaridades, sentir pontos de vista diferentes, novos ângulos e olhares, possivelmente trazendo a oportunidade de acordar, despertar para a consciência de unidade. Não creio que estejamos vivendo isso ou aquilo por castigo, por expiação de pecado ou qualquer coisa que o valha, isso é uma justificativa muito limitante que veio de dogmas religiosos.


Bom é como eu vejo!!


Mas porque raios uma criatura escolhe ser Psicóloga Terapeuta, se arriscando a colocar-se a frente de outra pessoa humana, para ouvi-la e manter o desafio constante de contribuir de forma útil e verdadeira??


Eu escolhi aos 7 anos de idade, sempre reflito sobre isso e cada vez mais encontro motivos internos mais profundos. Lógico que aos 7 anos eu não sabia aqui da mente linear. Minha inspiração foi uma vizinha chamada Rosana, de uma família Judia muito discreta e amável, ela aos 19 anos, uma ruiva linda que usava “rímel” nos cílios até eles ficarem pretinhos, tinha sardas no rosto, cabelo liso e Chanel, um sorriso doce e generoso, era meu ídolo, eu uma criança muito esquisita, tímida e envergonhada, imaginava que jamais seria como aquela moça, que me parecia muito chique e glamourosa.


Ela estudava Psicologia na Universidade São Marcos, que era muito conceituada e ostentava espaço físico em 3 prédios maravilhosos no Bairro do Ipiranga, arquiteturas clássicas, um verdadeiro desbunde. Pois então, Rosana me levou para realizar testes infantis, fui uma espécie de cobaia para a estudante.


Quando entrei no prédio central (como se chamava uma das unidades), parecia que havia entrado num mundo a parte, como Nárnia talvez, eu uma criança esquisita, caipira, muito simples, naquele lugar imenso, tipo uma escola muito gigante, onde tinha um Bosque, que pra mim era encantado, mágico.


Nesta época eu pensei: Vou estudar aqui e fazer essa tal de Psicologia e serei igual a Rosana.


Não tenho memórias de como se passou os anos seguintes.

Rosana se mudou, mas um dia bem mais tarde, a encontrei num restaurante e muito emocionada fui até ela, contei um tanto da história, ela nem imaginava, chorou ao me ouvir.


Aqui vale deixar um fio, para refletirmos o quanto podemos ser inspiração na vida de alguém e nem mesmo sabermos.


Enfim, cumpri os estudos regulares, começando por crescer e amadurecer, em meio a adversidades, dificuldades familiares, e traumas profundos, inclusive já estabelecidos quando desta experiência aos 7 anos.


Sempre penso sobre isso, uma criança que nem sabia o significado da Psicologia, mas já escolheu uma profissão que lidaria com dores emocionais, hoje sei que é quase óbvio que escolhemos, ainda que inconscientemente, nos curar através de nós mesmos e nossas escolhas, principalmente por uma profissão tão dedicada a este propósito, que doido isso, não é? Parece até uma viagem no tempo, onde eu mais velha volto lá na infância e sopro no ouvido da criança: Querida criança comece bem cedo este destino de cura...


Passei então pela adolescência e finalmente chegou a fase de prestar o vestibular, mas aquela jovem menina, teve que lutar por suas decisões, sem o mínimo de apoio e incentivo...


Na época muitos falavam, você é eloquente, poderia ser uma boa Juíza de Direito, ai me arrisquei a prestar a prova para o curso de Direito, vejam só...Eram dois dias de prova, fui no primeiro dia, me senti muito infeliz, algo não estava alinhado dentro de mim, ao amanhecer o segundo dia, minha avó, foi me acordar e então eu tive uma pequena crise dramática.


Cheia de culpa por me sentir irresponsável, e por não cumprir algo que me propus, mas minha avó, apenas disse: Você não é obrigada a ir!! E eu então virei pro lado e voltei a dormir, aliviada pela permissão de desistir.


Sim sim sim, posteriormente prestei o vestibular para Psicologia e apenas na São Marcos, estava lá o meu destino. Mas para meu desespero, não passei logo de cara, entrei numa segunda lista, que finalmente me coube.


Foram 6 anos de curso. Noites e noites sem dormir, estudando. Muitos e muitos trabalhos em grupo, maravilhosos, meu grupo arrasava em qualidade, notas e elogios, também em diversão ao realizá-los e claro um bom tanto de medos e angustias e por que não contar, também de vaidade e orgulho, como se fôssemos nos transformar em pessoas adivinhas e que podiam absolutamente tudo...Ahhh quanta inocência, quanta idealização, mas que bom, porque isso tudo não nos permitiu desistir. Foram tantas e tantas histórias nestes 6 anos.


Quando então, finalmente me formei, meu Deus, foi o maior acontecimento da minha vida!! Na minha geração, fazer faculdade era bem mais incomum, era praticamente coisa de pessoas endinheiradas e eu consegui.



Minha colação de grau e formatura, foram um dos dias mais importantes da minha vida, parecia um sonho, como eu havia conseguido isso??


A Beca era acompanhada de uma faixa azul roial, que eu ainda não sabia, mas que seria mais tarde, parte das cores da minha logomarca, a cor de Miguel Arcanjo, que me despertaria tanta Fé, a cor da Espiritualidade que me arrebataria para este destino.


Eu?? Cabelos enrolados, sobrancelhas unidas no centro (meu Deus), que era comum na época ou eu ainda não havia descoberto que era feio (rsss), mas absolutamente feliz e realizada estendendo a mão para pegar o canudo de professor querido.



Veio então o Baile de Formatura, que fui acompanhada de um namorado que veio a se tornar meu marido, pai dos meus dois filhos, Victor e Daniel, ser mãe foi depois o maior acontecimento de minha vida.



Já tinha minha credencial do Conselho, o CRP, que pago religiosamente.


Meu Deus me perdi nas memórias, contando pra você essa doce história dos meus sonhos, mas na verdade eu pretendia mesmo era falar da realidade.


Nestes 40 anos de amor com a Psicologia, sempre trabalhei com gente, de todo tipo.


Mas acabei pro ingressar na área de Gestão de Pessoas e fiz uma carreira de 25 anos. Entre Recrutar, selecionar, treinar, avaliar, mover etc. Conheci “bastidores” de inúmeras pessoas, não faço ideia de quantas vidas toquei, do quanto conheci da intimidade, das motivações de cada uma dessas pessoas.


Mas a vida fez uma reviravolta no meu destino e há 14 anos virei carreira e me tornei Psicoterapeuta e Consteladora Sistêmica.


Foi uma reconstrução, porque não dizer uma Ressureição, um marco em minha vida, pois passei a outros níveis profundos de autocura e expansão de consciência. Tenho um lado obstinado e não passei nenhum dia sem pensar nas minhas próprias questões. Tudo muito intenso, doloroso, mas muito revelador.


Volto a pergunta, porque raios, me coloco no lugar de Terapeuta, com todo esse conteúdo pessoal a ser tratado??


Agora eu sei bem!! É porque a Psicologia foi penetrando minha vida, mas não é ela que me fez, ela trouxe parâmetros sim, por isso jamais me arrependi da escolha, mas meu lugar como Terapeuta, foi tecido no meu Espírito, nas minhas células, foi forjado nas minhas dores, nos meus traumas. E pelo fato de sentir na pele o benefício de olhar pra tudo que vivi, senti e validar meus sentimentos e emoções, que me trouxe a capacidade de ouvir compassivamente outras pessoas, de sentir compaixão por suas histórias, dúvidas.


Eu nunca quis ser Artista, eu sempre quis ser Psicóloga!! Quero ser útil, competente, quero contribuir, quero dar a mão e não soltar, quero ser companhia neste caminho, chamado autoconhecimento.


Claro contínuo esquisita, diferente, me tornando um dinossauro na minha área, como sempre digo e repito, não sigo ninguém, não me coloco em lugar de “Siga-me se for capaz” ou oferto garantias disso ou daquilo, porque não acho ético e sinto muito por quem cai nestas armadilhas de promessas de resoluções mágicas, que se tornou tão comum nos dias de hoje.


Creio num processo terapêutico, íntegro, com real e genuíno desejo de se conhecer, de encorajar-se a ser quem é, com a perfeita imperfeição humana. Um caminho sem volta, haja vista que uma mente que se expande, jamais volta o mesmo lugar, mas num fluxo espiral e não linear. Que exige disposição e constância, sabendo que pode passar por noites escuras da alma, pode ser incômodo, desconfortável, mas jamais inútil ou descartável.


Não sou um “Alecrim Dourado”, mas um Ser Humano que assumiu integralmente esse roteiro de vida profissional, aliás de vida total, pois me dedico plenamente a aprender continuamente sobre a Natureza Humana.


Mas também não sou Terapeuta porque me concentro em me curar, sou quem sou, porque enquanto caminho, acontecem profundos e maravilhosos encontros com outros Seres que por algum motivo confiaram em mim e me permitiram acessar suas vidas de alguma forma, onde criamos um relacionamento humano pautado no respeito, na dignidade e no aprendizado mútuo.


“O terapeuta também está em análise, tanto como o paciente…razão por que também está exposto às influências transformadoras. Na medida em que o terapeuta se fecha à esta influência, ele também perde sua influência sobre o paciente.” Jung

 

“A primeira condição necessária para obter autoconhecimento é tornar-se profundamente consciente da ignorância; sentir com cada fibra do seu coração que se é incessantemente autoiludido.

O segundo requisito é uma convicção ainda mais profunda de que tal conhecimento – um conhecimento intuitivo e seguro – pode ser obtido por esforço próprio.

A terceira condição, a mais importante, é uma determinação indômita de obter e enfrentar aquele conhecimento.

Este tipo de autoconhecimento é inatingível pelo que as pessoas normalmente chamam de “autoanálise”.  Ele não pode ser alcançado pelo raciocínio ou por   qualquer processo cerebral, porque ele é o despertar consciente da natureza divina do homem.

Obter esse conhecimento é uma realização maior do que dominar os elementos da natureza ou conhecer o futuro.” Helena P. Blavatsky

 

Portanto, concluo mais um ciclo do calendário, com imensa gratidão, porque não sou a mesma que ontem e não estou a mesma que serei amanhã, pois, para minha alma, é impossível não aprender continuamente a partir das interconexões, interações com o outro.


Mas neste momento, me coloco diante deste outro que me olhou como profissional e confiou em mim: Pois eu sou quem eu sou, porque você é quem você é!!


Gratidão a todos que chegam como clientes!!

Sonia Monteiro

CRP. 06/ 35.772-4

 



 

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