Ontem, assisti novamente o filme “O Discurso do Rei”, sobre o Rei George VI, que tinha um sintoma de gagueira desde os 5 anos de idade, e isso foi um grande desafio durante toda a sua vida.
Mas, aqui trago como elucidação, de que acontecimentos vividos na primeira infância, traumáticos para uma criança em fase de vulnerabilidade, podem gerar sintomas leves ou severos e cristalizarem, manifestando-se por uma vida toda.
Isso independe de classe social, econômica e cultural, pois criança é criança, e na infância ainda ingênua, não compreende contexto complexo, apenas torna-se acuada na obediência do comportamento dos adultos, que por sua vez refletem seus valores e também suas próprias dores, muitas vezes aprisionando a personalidade da criança, negligenciando a expressão de amor e também cuidados essenciais nesta fase.
O filme retrata uma criança abandonada aos cuidados de uma babá, haja vista que os pais estavam ocupados demais com os “costumes” de ser quem eram. E isso implicou em abusos diversos, com alimentação, castigos e proibições, além de tratamentos rudes, visando corrigir o que julgavam defeitos, como por exemplo o fato de ser canhoto.
Na vida adulta, mantendo o sintoma de gagueira, busca contínuas formas de cura, mas apenas voltando-se ao sintoma e não à causa. O que é muito comum.
Entretando a CURA, pode não ser exatamente remover o sintoma e sim trazer à Luz da Consciência o que o produziu, para sair do looping dos medos e angústias que disparam os gatilhos do sintoma.
Adultos: Não negligenciem sua criança interna, é você que pode dar voz a ela, acolher e remover a opressão, a qual ela foi submetida.
Pais: Olhem para seu filho de fato, não apenas para sua própria idealização e desejo daquilo que quer que ele produza.
Constatar o contexto em que você foi concebido, gerado, nasceu e viveu, é fundamental, mas é essencial dar-se permissão para sentir o que sente, sem culpa e auto punição. A Verdade liberta!!
Nem demonizar e nem santificar os pais, apenas humanizar!!
Ao buscar a Cura, importante o estabelecimento do vínculo de confiança, alguém que possa realmente ouvir e ver você de forma profunda, além dos sintomas ou recomendações repletas de regras e “Tem ques” e muito cuidado para não cair em técnicas julgadoras, que podem, inclusive retraumatizar você.
E claro, maravilhoso ter ao seu lado, dentre seus afetos (companheiros, familiar, amigos), alguém de fato interessado em você, que se importa com você e te apoia e te faz verdadeira companhia em sua jornada de cura. Isso é um privilégio!!
Sonia Monteiro
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