
A transgeracionalidade, é um conceito utilizado em várias disciplinas, como a psicologia, a sociologia e a terapia familiar. É um fenômeno que diz respeito aos aspectos relacionados aos valores, padrões, expectativas e demais construções do meio familiar ao longo das gerações e a forma como estas referências interferem e moldam a identidade dos indivíduos das gerações seguintes.
Principais Aspectos da Transgeracionalidade:

Transmissão de Traumas: Traumas não resolvidos em uma geração podem ser transmitidos para as gerações seguintes. Isso pode ocorrer através de comportamentos, atitudes ou até mesmo através de uma predisposição genética ou epigenética.
Padrões de Comportamento: Comportamentos e padrões de relacionamento, como modos de lidar com conflitos, afeto, e comunicação, podem ser passados de pais para filhos, influenciando a forma como futuras gerações interagem com o mundo e entre si.
Valores e Crenças: Valores, crenças religiosas, tradições culturais e normas sociais muitas vezes são transmitidos através das gerações, moldando a identidade e o comportamento das pessoas.
Genética e Epigenética: Além dos aspectos psicológicos e sociais, existem estudos que sugerem que traumas e estresses podem causar mudanças epigenéticas que são herdadas por gerações subsequentes.

A genética é a ciência que estuda os genes e sua hereditariedade. É responsável por determinar nossas características físicas e biológicas, como a cor dos olhos, altura e susceptibilidade a certas doenças. O DNA é composto por uma sequência específica de bases nitrogenadas organizadas em genes. Esses genes são responsáveis por codificar as proteínas que nosso corpo precisa para funcionar.

A epigenética, por sua vez, estuda as mudanças na expressão dos genes que ocorrem sem alterar a sequência de DNA. Isso significa que as alterações epigenéticas podem afetar como os genes são lidos e interpretados pelo corpo. Essas alterações incluem metilação, acetilação e outras modificações químicas que podem afetar a estrutura da cromatina e, portanto, a acessibilidade dos genes.
O conceito de epigenética refere-se ao estudo das mudanças nas funções dos genes que não envolvem alterações na sequência do DNA. Em vez disso, a epigenética se concentra em modificações químicas e estruturais no DNA e nas proteínas associadas, como as histonas, que podem ativar ou desativar genes.
Durante muito tempo se acreditou que o DNA de uma pessoa determinava todo seu futuro, do comportamento ao desenvolvimento de certas doenças. Hoje se sabe que não é bem assim e que as experiências vividas antes e depois do parto, embora não mudem a estrutura de um gene, podem afetar a sua expressão – isto é, a maneira como ele se comporta. Este conceito é chamado de epigenética e tem sido alvo de muitos estudos recentes.

É a epigenética que pode explicar por que experiências vividas na primeira infância têm efeito na saúde mental e física na vida adulta. Se esta influência pode ser negativa, no caso de vítimas de estresse tóxico, ela também pode ser positiva, com a realização de intervenções precoces.
Através da epigenética, um organismo pode ajustar a expressão gênica de acordo com o ambiente onde vive, sem mudanças no seu genoma. Por exemplo, experiências vividas pelos pais (dieta, traumas emocionais, tratamento hormonal) podem ser transmitidas para os descendentes através da “memória epigenética”.
A herança epigenética transgeracional consiste da herança de marcas epigenéticas através de células germinativas, que controla os padrões de expressão gênica e são passados de uma geração para a outra.

A herança epigenética de comportamentos sugere que não apenas os genes, mas também as experiências e o ambiente dos pais, podem ter um impacto significativo nas gerações futuras. Isso abre novas perspectivas para a compreensão de como comportamentos e predisposições são transmitidos e como intervenções ambientais e epigenéticas podem ser usadas para mitigar efeitos negativos e promover a saúde e o bem-estar.
Em resumo, a epigenética desempenha um papel importante na transferência de aspectos comportamentais entre gerações, mostrando que o legado de nossos pais pode ir além do código genético, incorporando também as experiências e o ambiente que influenciaram suas vidas.

Curar ou reverter padrões epigenéticos associados a comportamentos e condições fisiológicas é um campo de pesquisa ativo e promissor. Existem várias abordagens e estratégias que estão sendo exploradas para alterar marcas epigenéticas e, potencialmente, reverter os efeitos adversos dessas programações.
Exemplos e Aplicações:
Terapia Familiar: Na terapia familiar, entender a história transgeracional pode ajudar a identificar e resolver padrões disfuncionais que afetam a dinâmica familiar.
Psicologia: Psicólogos podem explorar a transgeracionalidade para compreender como experiências de vida dos antecessores influenciam a saúde mental e emocional dos indivíduos.
Sociologia: Sociólogos podem estudar como eventos históricos e sociais impactam famílias e comunidades ao longo do tempo.
Uma das principais implicações da epigenética é que ela pode ser influenciada por fatores externos, como dieta, exercícios e exposição a toxinas ambientais. Isso significa que, embora nossos genes possam nos predispor a certas doenças, nossas escolhas de estilo de vida e ambiente também podem afetar como esses genes são expressos. Essa é uma das razões pelas quais a medicina preventiva, que se concentra na prevenção de doenças antes que elas ocorram, é tão importante.
Outro aspecto importante da epigenética é sua aplicação na medicina. O estudo da epigenética pode ajudar os médicos a entenderem como as mudanças epigenéticas podem contribuir para o desenvolvimento de doenças, como câncer, diabete e doenças neurológicas.
Fonte: Internet (diversas)
Sonia Monteiro

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